O novo filme do anime e mangá clássico Rosa de Versalhes está despertando mais uma vez o interesse de muitos fãs de shoujo na história de criação da obra e sua época de produção. Afinal, o mangá foi um dos precursores sobre discriminação de gênero na sociedade. E como já era esperado, sua mangaká sofreu muito para desenvolvê-lo.
Riyoko Ikeda criou Rosa de Versalhes em sua juventude no início dos anos 1970. Imagine como era difícil para uma mulher dessa época trabalhar com mangás. Em uma entrevista recente feita pela Oricon, Ikeda falou sobre como era ser mangaká mulher nesse período. Segundo ela, as equipes de publicação das revistas sempre favoreciam os homens:
“Quando eu estava trabalhando em Rosa de Versailles, as mulheres não podiam progredir em suas carreiras, e eu recebia metade do salário dos meus colegas homens. Uma vez protestei, perguntando: ‘Por que recebo metade quando estamos na mesma revista e temos popularidade semelhante?’ A resposta me chocou. ‘Os homens precisam sustentar suas esposas, e as mulheres são sustentadas por seus maridos. É por isso que os homens ganham mais.’ As pessoas ficaram surpresas que eu ousei questionar o sistema.”
Rosa de Versalhes é um drama histórico ocorrido na época da Revolução Francesa, que traz uma versão diferente da Maria Antonieta. Nele, também acompanhamos Oscar Francois De Jarjayes, uma mulher nobre criada como homem devido à necessidade de sua família por um herdeiro. O mangá se tornou um enorme sucesso no Japão e no exterior. De acordo com a autora:
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“O anime de TV de décadas atrás era popular até na Europa. Ouvi dizer que pôsteres do show foram exibidos em pilares na estação central de Milão.”
Menso assim, Ikeda foi obrigada a encerrar Rosa de Versalhes devido aos prazos rígidos da indústria de mangá e outros problemas:
“Quando serializei o mangá, me disseram que ele tinha que terminar 10 semanas após a morte de Oscar. Ao contrário de hoje, onde obras populares podem continuar indefinidamente, havia prazos rígidos. Eu queria escrever mais, mas estou feliz que a história agora pode ser apresentada ao público moderno…”
Rosa de Versalhes ganhará uma nova adaptação em filme animado pelo Studio MAPPA, tendo Ai Yoshimura (Blue Spring Ride) como diretora, e roteiro de Tomoko Konparu (Urusei Yatsura, Maison Ikkoku e Kimi ni Todoke). Ikeda, destacou o grande número de mulheres envolvidas na produção do filme, mas falou que o Japão ainda tem um longo caminho na questão de igualdade de gênero:
“A mentalidade tradicional de que ‘homens trabalham’ e ‘mulheres ficam em casa’ continua forte. No entanto, vejo gradualmente essa crença desaparecendo entre as gerações mais jovens.”
Fonte: CBR