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Segundo o diretor Peter Chung, criador do Aeon Flux, o que torna o anime um sucesso na televisão global é sua forma única de animação, história e filosofia cultural. Ele já percebia muito bem tudo isso em 2007, quando fez uma postagem em um fórum, falando sobre as diferenças entre a animação japonesa e a ocidental. 

Para Chung, os animes tem como foco a estilização e a individualidade do animador. Já a animação ocidental foca no realismo e nas histórias baseadas em personagens.

Reprodução/ Screen Rant

Segundo o site Screen Rant:

A animação japonesa vem de uma tradição cultural que celebra a estilização em vez do realismo. Ao contrário do classicismo ocidental, que enfatiza a invisibilidade na técnica do artista para atingir o realismo, a arte japonesa destaca a mão do artista. Essa filosofia está enraizada em formas tradicionais japonesas, como o kabuki e o teatro noh, onde gestos exagerados e performances estilizadas fazem um personagem se destacar em vez de imitar a realidade.”

Essa estilização nos permite identificar os estilos únicos de cada animador. Basta pensar nos trabalhos de Yoshinori Kanada no Studio Ghibli e de Shinya Ohira em Final Fantasy. Outro ponto que diferencia a animação japonesa e ocidental é o método de produção. 

Veja mais:

Uma grande parte disso é o uso de diálogos em loop e pós-gravados na animação japonesa. Essa abordagem permite que os diretores priorizem elementos ambientais, ângulos de câmera dinâmicos e composição de cena em vez da precisão da sincronização labial. O resultado é uma experiência visualmente envolvente que atrai os espectadores para uma animação mais detalhada e construção de mundo.” (Via Screen Rant)

Reprodução/ Screen Rant

Os diretores de animação no Japão costumam por a mão na massa e fazer storyboards ou episódios/ filmes inteiros. Hayao Miyazaki e Satoshi Kon são conhecidos por essa abordagem, o que coloca sua visão criativa em toda a produção. 

Esse sistema é muito diferente da estrutura hierárquica de Hollywood, onde diretores frequentemente delegam tarefas a equipes extensas.” (Via Screen Rant)

Chung também comentou que os animadores americanos querem que seus personagens pareçam entidades vivas, o que apaga o traço do artista criador e limita a criatividade da animação. Já o anime permite que os animadores façam movimentos exagerados, designs abstratos e narrativas não lineares. Assim temos desde os mundos delicados e aconchegantes do Studio Ghibli até as profundezas psicológicas de Neon Genesis Evangelion.

O sucesso do anime vem de sua capacidade de misturar herança cultural, inovação técnica e filosofia artística em um meio que parece pessoal e universal. Ao destacar a mão do animador e abraçar a estilização, a animação japonesa oferece uma alternativa refrescante às produções polidas de Hollywood.” (Via Screen Rant)

Fonte: Screen Rant