Em 1981, a Shonen Jump lançou um mangá que você nunca imaginaria ver nas páginas da revista hoje em dia, imagine nessa época. Chamado Stop!! Hibari-kun!, de Hisashi Eguchi, o mangá é pouco conhecido no Brasil, mas teve uma grande influência no Japão em obras posteriores que retratam personagens LGBTQ+.
A história é uma comédia romântica que foi considerada polêmica ao longo dos anos devido a sua protagonista, Hibari. Hibari nasceu com o gênero masculino, mas prefere se vestir e se comportar de forma feminina. Na história, acompanhamos o cotidiano dessa jovem e de um garoto chamado Kosaku.
O mangá chegou até mesmo a ganhar uma adaptação para anime de 35 episódios pelo Toei Animation. Ele é descrito assim:
“Um adolescente agora se mudou para a casa da amiga de sua mãe, porque ela morreu há um tempo. Acontece que a família Yakuza tem quatro lindas filhas, mas uma delas, Hibari, que é mais bonita que as outras, é na verdade um menino. Hibari simplesmente não consegue tirar as mãos do nosso heroi e então suas vidas loucas, mas felizes, continuam.” (Via ANN)
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O mangá é considerado um grande marco para a representação LGBTQ+ em mangás, com sua personagem transgênero. Algo que até hoje é raro vermos em mangás que não sejam boys love. Infelizmente, como na época a questão trans era vista como algo “cômico”, a personagem foi escrita justamente com esse propósito, como foi explicado pela própria mangaká da obra em uma entrevista recente para a Radio France:
“Eu escolhi uma personagem transgênero porque ela contribuiu para o espírito cômico. No Japão da época (durante os anos 1980), a questão transgênero pertencia a um espaço muito fechado que vivia escondido. Era uma questão não abordada pelo debate público, um mundo subterrâneo. Tornou-se [uma questão que requer delicadeza] para ser abordada. Se eu fosse reescrevê-la hoje, não poderia fazer a mesma coisa que fiz há 38 anos. Na época, eu tinha, no final, uma espécie de liberdade tonal.”
Apesar disso, a autora foi corajosa em trazer uma personagem trans como sua protagonista em uma época em que quase não se falava sobre isso, e os erros de representação podem ser perdoados, se levarmos em conta a época em que foi escrito, ou seja, um período em que não havia nenhum personagem como Hibari. Além disso, mesmo sendo um mangá de comédia, Eguchi escreveu uma história de autoafirmação e sobre os desafios dos papeis de gênero.
E mesmo que o próprio mangá não afirme com todas as letras que sua protagonista é trans, segundo o site Screenrant:
“Hibari não é um personagem preto e branco que se encaixa nas normas de gênero; ela pode ‘ser um menino’, mas ainda assim se apresenta e funciona socialmente como uma menina até que as pessoas saibam seu gênero atribuído.”
Fonte: Screenrant
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