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O CEO da Crunchyroll, Rahul Purini, deu uma entrevista para a Nikkei em que ele disse que o “anime deve ser inerentemente ‘japonês’”. Mas, o que ele quer dizer com isso? Para quem está pensando em coisas como, contar histórias focadas apenas no público japonês ou evitar inserir a tão famosa, e criticada por um pequeno grupo barulhento, “representatividade”, saibam que é o total oposto.

O que o Purini está dizendo é que os animes devem continuar sendo feitos por criadores japoneses, mas, ele deixa bem claro em sua entrevista, que ao mesmo tempo eles devem contar histórias que reflitam a diversidade de seus fãs do mundo todo. Afinal, os sentimentos humanos são sempre os mesmos, independente da língua que falem, das crenças que tenham e de suas nacionalidades.

Crunchyroll
Reprodução/ Além da Tela

Após o entrevistador da Nikkei perguntar sobre como os animes poderiam aumentar sua popularidade mundial, Purini respondeu que deve ser através de “qualquer iniciativa que leve a mais fãs de anime e mais obras sendo lançadas”

“Eu acredito que o anime deve ser inerentemente ‘japonês’ e contado da perspectiva de criadores japoneses. Queremos mais anime, histórias mais diversas, e é importante que os criadores japoneses continuem envolvidos nelas.”

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Muitos fãs de animes tentam separar o que são desenhos inspirados em animes daqueles feitos por estúdios e animadores japoneses, o que parece se encaixar na fala do CEO. Entretanto, há muitas animações hoje em dia que parecem estar criando uma categorização única, de difícil separação. Um exemplo é o filme paquistanês The Glassworker que foi inspirado na arte do Studio Ghibli

A animação não foi feita por um estúdio ou criadores japoneses, sendo do Mano Animation Studios, mas foi criada totalmente baseada na animação feita a mão do estúdio japonês Ghibli. O Mano Animation Studios até mesmo se descreve como “o primeiro estúdio do Paquistão especializado em animação desenhada à mão”.

Há também muitos estúdios japoneses que hoje em dia contratam animadores principais estrangeiros. E também há vários animes sendo feitos por estúdios japoneses que adaptam histórias coreanas e chinesas. Então, como tudo isso se enquadra no que o Purini disse? Segundo ele:

“Histórias dignas de serem adaptadas para animação podem vir de qualquer lugar, incluindo webtoons e jogos coreanos. […] A Crunchyroll está sempre à procura de novas tendências e sinais de sucessos. Por exemplo, podemos apresentar IP indiana a criadores japoneses e sugerir que se eles transformarem esse IP em um anime e contarem uma história, isso pode ressoar com o público na região.” 

Purini ainda ressaltou que ele e sua equipe estão discutindo com seus colaboradores sobre tentativas experimentais de adaptar para anime histórias que não venham apenas de mangás, mas de diversas outras mídias.

Essa diversidade de material de origem das animações japonesas já está em andamento há alguns anos, sendo um exemplo o sucesso Solo Leveling, que vem de uma webtoon coreana. Mas, também podemos citar Terminator Zero, que adapta uma propriedade intelectual americana, O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim, que adapta filmes americanos que por sua vez adaptam livros britânicos, e Rick and Morty: The Anime, uma versão em anime do desenho americano voltado para o público adulto.

Por último, Purini também falou sobre o interesse da Crunchyroll em criar conteúdos curtos para o TikTok: “A Geração Alpha é uma geração que cria seu próprio conteúdo, então precisamos pensar em como fazê-los dedicar seu tempo, coração e dinheiro a isso.”.

Fonte: CBR