O criador de uma das maiores franquias de anime/mangá shounen do mundo admirava o gênero shoujo (romance), por ter qualidades que suas obras não possuíam. E, mesmo assim, há fãs de mangás que diminuem a importância desse gênero, e o acusam de narrativas superficiais e melodramáticas.
Dragon Ball definiu muitas das características que conhecemos hoje como pertencentes ao gênero shounen. Todos os famosos clichês das histórias de “lutinha” tiveram seu início nas aventuras de Goku e seus amigos. De acordo com a Editora JBC, podemos definir shounen como:
“Eis o estilo de mangá que rompeu fronteiras e levou os quadrinhos japoneses mundo afora. O ‘shounen’ é o gênero de mangá voltado para o público infanto-juvenil masculino. Revistas famosas como a ‘Shounen Jump’, ‘Shounen Sunday’, ‘Shounen Magazine’ e a ‘Shounen Champion’ proveram o surgimento de alguns dos maiores sucessos da História dos quadrinhos japoneses. […] Entre as principais características desse estilo estão as histórias sempre voltadas para aventura, comédia e esportes. O traço usado pelos autores, embora seja cartunesco, é detalhado, preciso, forte e atrativo.”
No entanto, muitos fãs de shounen não chegam nem perto dos mangás shoujo, conhecidos por suas narrativas de romance e amizade. Há, até mesmo, alguns leitores que ridicularizam o gênero, apesar de ele ser lido e admirado em todo o mundo, incluindo por Toriyama. Ainda segundo a JBC, shoujo é:
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“Este é o estilo de mangá direcionado para o público infanto-juvenil feminino. Diferente do ‘shounen’, seu traço é leve e sua arte clara e menos poluída. As histórias apresentadas nas páginas de um mangá ‘shoujo’ podem ter aventura e comédia, mas os romances – que podem ou não conter elementos fantásticos – sobressaem no gosto de suas leitoras.”
Para Toriyama, os shoujo sempre teve tudo aquilo que ele não possuía de habilidades para pôr em seu mangá Dragon Ball. O principal ponto levantado por Toriyama foi o desenvolvimento complexo de personagens, que é explorado através de pensamentos, sentimentos e motivações, de forma coesa e coerente com as contradições humanas.
E se o grande criador de Dragon Ball, que trabalhou mais de 40 anos na indústria do mangá e criou uma das franquias mais amadas no mundo todo, respeitava o gênero, quem somos nós para contrariar seus conhecimentos. Em entrevista para o volume 4 de Dragon Ball Super, Toriyama comentou o arco Trunks do Futuro, e afirmou que se ele tivesse escrito essa história antigamente, ele não teria conseguido colocá-la no papel, pois precisaria descrever o conflito interno de Zamasu e Trunks:
“Quer dizer, eu não sou muito bom em descrever a psicologia dos personagens na página. […] Nesse sentido, acho que os mangás ‘shoujo’ são realmente incríveis, já que eles têm que descrever continuamente o estado de espírito de uma garota.”
Infelizmente, Toriyama nos deixou em março deste ano, aos 68 anos, enquanto ainda trabalhava em diversos novos projetos de Dragon Ball, Dr. Slump e Sand Land, algumas de suas obras mais famosas.
Fonte: ScreenRant
